"Ano novo, vida nova" para enxadrista de Macaíba

"Ano novo, vida nova". O que para muitos é uma mera expressão trivial, para Cibele Florêncio, natural de Macaíba, Rio Grande do Norte, é o resumo literal dos seus primeiros dias de 2022. Desde que voltou ao Brasil em 1º de janeiro, depois de ter disputado o Campeonato Mundial de Xadrez, em Varsóvia, na Polônia, a potiguar de 24 anos vive os efeitos de ser uma das melhores enxadristas do Brasil.

Universidades, referências do xadrez e a imprensa disputam um espaço na agenda de Cibele, interessados em saber como ela, que trabalha fazendo bicos de faxinas e auxiliando a mãe no comércio de marmitas, conseguiu se tornar destaque no xadrez mundial.

Cibele é atenciosa, mas não costuma dar muitos detalhes nas respostas. É objetiva, como se houvesse um tempo determinado para responder. Um costume que talvez ela tenha adquirido com a pressão de jogar sob a obrigação de ser rápida. Em Varsóvia, uma possível vitória deixou de acontecer porque a brasileira não foi ágil o bastante e deixou o "seu tempo cair" — usado quando o tempo para uma jogada se esgota. "Eu estava com 98% de chance de vitória, mas eu perdi porque o meu tempo esgotou e isso fez ela ganhar. Ela (a adversária) perdeu no jogo, mas ganhou no tempo", lamentou Cibele.

Na Polônia, a brasileira disputou 20 jogos. Alguns contra grandes-mestres ou mestres internacionais, como se espera de um torneio mundial, onde se reúnem as melhores enxadristas do mundo. Mesmo não conseguindo vencer nenhuma delas, disputar um torneio internacional, o primeiro da carreira, já foi uma experiência válida para Cibele. "Participar de um mundial foi um sonho realizado. Foi maravilhoso. Estar entre as melhores do mundo, e com jogadoras que eu admiro, foi uma experiência inexplicável", avaliou.

A experiência, contudo, por pouco não pôde ser vivida. A potiguar ganhou o direito de disputar o mundial na Polônia depois de ser vice-campeã brasileira de xadrez em um torneio realizado no Rio Grande do Norte, em dezembro de 2021. Mas, sem condições financeiras para bancar toda a viagem, ela contou com a ajuda de uma rede de médicos que pagaram parte dos custos que Cibele teve na Europa depois de conheceram a sua história por uma emissora de uma rádio de Natal.

Cibele conheceu o xadrez aos nove anos, por meio do projeto "Xadrez Macaeibense", que incentivava crianças a praticar a modalidade nas escolas, e subsidiava a inscrição dos jogadores em campeonatos.

Desde as primeiras aulas ela mostrou facilidade para entender os atalhos do jogo e não tinha dificuldades para vencer as amigas e adversárias. Ao notar que Cibele levava jeito para o esporte, seu professor a levou para disputar a primeira competição. Ela ficou em em segundo lugar.

Na adolescência, o talento descoberto na infância foi sendo lapidado. Porém, as dificuldades para conseguir treinar e competir insistiam em acompanhar Cibele. E tudo ficou ainda mais difícil depois que o projeto Xadrez Macaibense se encerrou.

Foto: Divulgação

Portal Terra

 


 

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