Era uma vez uma menina mossoroense que aos seis anos deu as primeiras pedaladas e não parou mais. Ela pedalou tanto, tanto, tanto que, aos 16 anos, foi parar em Curitiba/PR e conquistou duas medalhas de bronze nas Olimpíadas Escolares.
Esse parece mais um conto de fadas saído da imaginação de um grande escritor, mas, na verdade, é a história de Alice Melo (na foto, à esquerda, com Raiza), uma mossoroense real, que, apesar de todos os obstáculos e da falta de apoio, está construindo uma história que tem tudo para ter um final feliz, parecido com os que acontecem no mundo da fantasia.
Tudo começou em 2001. A pequena Alice, no sexto ano de vida, usava a sua bicicleta todos os dias para acompanhar o seu pai, Altamiro Medeiros, nos treinos para corridas de maratona. "Eu não tinha como acompanhar ele (o pai) a pé e usava a bicicleta para não ficar pra trás", explica Alice.
No início, a relação de Alice com a "bike" não passava de um sacrifício para ficar ao lado do paizão.
Entretanto, em 2008, veio o primeiro "lance" entre, a já adolescente, e o ciclismo.
Com uma bicicleta emprestada pelo tio, Alcimiro Medeiros, Alice disputou a sua primeira competição.
O resultado foi um desastre. A atleta iniciante sequer conseguiu terminar a prova, a Corrida Ciclística Governador Dix-sept Rosado disputada em Mossoró.
No ano seguinte, houve uma ruptura nesse amor e Alice deu um tempo.
Mas, em 2010, o presente de aniversário da debutante reacendeu essa paixão e Alice assumiu de uma vez por todas sua posição de ciclista. "Ganhei uma bicicleta de competição dos meus pais e voltei a competir", relembra a atleta.
Desde então, foram várias competições regionais e nacionais, com fracassos e sucessos.
Até que chegou a competição que comprovou que Alice tem futuro no ciclismo.
Nas Olimpíadas Escolas para estudantes de 15 a 17 anos, que estão sendo disputadas em Curitiba/PR até hoje, a mossoroense mostrou o seu valor, superou todos os obstáculos, e, competindo com garotas de centros esportivos bem mais avançados, conquistou duas medalhas de bronze. Uma no revezamento, ao lado da natalense Raiza Garcia, e outra na prova contra o relógio.
Os resultados foram muito comemorados, mas a ciclista sabe que precisa melhorar para chegar ao lugar mais alto do pódio. "Os resultados foram excelentes, mas, para continuar evoluindo, preciso treinar mais e mais", reconheceu Alice.
É a partir dos treinamentos que Alice sente na pele as dificuldades de ser atleta em uma cidade e num estado onde o esporte não faz parte das políticas públicas do poder público.
A ciclista treina em seis dos sete dias da semana, a única folga é no sábado, e, como não tem um local adequado, ele sempre esta à procura de vias que possam ser adaptadas à realidade das provas de competições.
Alice sai de casa de 4 horas da manhã com destino à Avenida João da Escóssia, próximo ao Mossoró West Shopping, e rodovias estaduais e federais que são acesso a municípios vizinhos a Mossoró. "Eu procuro tirar o máximo de cada pista, explorando os declives e fazendo também giros", explicou.
Sem apoio econômico, mas com muita força de vontade, Alice vai se superando e fazendo história no ciclismo.
A história da Alice mossoroense não tem relação com o conto de fadas Alice no País das Maravilhas, escrito pelo britânico Charles Lutwidge Dodgson.
Alice até que vive em um país, o país de Mossoró, mas a fantasia do seu mundo real acaba por aí.
Transcrito do Jornal de Fato – Magno Alves
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