Demolição do kartódromo, um legado negativo

Eu era aluno do colégio Atheneu, quando na manhã de um sábado – não me pergunte o mês e ano, pois, sou péssimo em decorar datas -, quando a professora Luzia, de Moral e Civismo, após a chamada, pegou um exemplar do jornal Diário de Natal, cuja capa era tomada por uma fotografia de um “pistoleiro” popularmente conhecido no mundo do crime do Rio Grande do Norte, como Joca de Cininha.
Cininha, temido por muitos, havia sido assassinado. Então, diante do fato, a professora aproveitou o tema para ministrar sua aula. Com o jornal pendurado entre os dedos, Luzia mostrou a todos os alunos e perguntou: turma, vocês acham que este rapaz, pelo que ele fez, merecia ocupar toda capa do jornal, inclusive, com sua foto?  Ele tinha algum valor para a sociedade?
Aí, começou a ouvir a resposta de todos os alunos, um por um. Eu fui o último a responder e, não tive dúvida de acompanhar a opinião de todos os colegas: professora, acho que o jornal errou em dedicar sua página principal a alguém que só fazia o mal à sociedade.
Diante da opinião de toda a classe, a professora explicou: pessoal, o jornal tem razão em dar tanto destaque ao assassinato de Cininha. Porque ele sobrevive de suas vendas. Essa hora, 9h30, a edição do jornal está esgotada. Não tem mais um exemplar nas bancas de revistas para ser vendido. Todo mundo comprou para saber como Cininha morreu.
Continuando com a explicar, ela falou: olha, tudo na vida tem o seu valor, positivo ou negativo. Cininha era de grande valor negativo para a sociedade. Portanto, o Diário de Natal está mais do que certo, pois explorou o lado financeiro e também o valor negativo que o rapaz tinha.
Meus poucos leitores devem estar perguntando: o que danado isso tem a ver com esporte amador? E eu respondo: tem sim. Tudo a ver.
No sábado, 19, o secretário estadual da Secopa, engenheiro Demétrios Torres, concedeu entrevista ao programa “Esporte em Debate” da Rádio Globo Natal. Na ocasião falou sobre todos os legados deixados pela Copa do Mundo, em uma de suas cidades-sede, Natal. Falou sobre a modalidade que a capital potiguar ganhou e ainda vai receber com o evento. Falou sobre o turismo, que deve ser implementado. Disse até sobre a atual situação do estádio Juvenal Lamartine. Enfim, destrinchou tudo sobre o legado deixado pela Copa do Mundo de Futebol.
Agora, nada falou – até porque não foi indagado pelos entrevistadores – como ficou a situação dos esportistas que praticam kart no Rio Grande do Norte, com a demolição do Kartódromo de Natal, que deu lugar à Arena das Dunas. Falou-se em construir novo kartódromo no bairro Planalto e em algumas cidades do interior do Estado, entre elas, Ceará Mirim. Mas, até agora, nada saiu do papel, prejudicando assim os nossos pilotos.
Então, baseado na aula da professora Luzia, a demolição do Kartódromo de Natal, e a não construção de outro para substitui-lo, foram grandes legados negativos que a Copa do Mundo nos deixou. Principalmente, para os amantes do kart, que treinam foram do Estado porque ficaram sem seu equipamento esportivo.
Por Manoel Cirilo, de Esporte Amador RN   

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