O susto e a afirmação como jornalista profissional

Última semana de junho de 1988. Eu era editor de esportes do Diário de Natal. Um dia dessa semana cheguei a me tremer todo ao receber uma tarefa no trabalho. Veja como foi. Estava na redação do jornal quando o diretor geral, Luis Maria Alves - Seu Alves - veio a mim e perguntou: 
- Menino do Esporte, você está sabendo que nesta semana o Brasil completa 30 anos que ganhou sua primeira Copa do Mundo de Futebol? 
- Sim, Seu Alves. Estou sabendo, sim! Respondi.
- Então,  eu quero que você faça uma matéria de um página inteira para O Poti de domingo, sobre a conquista. Se no arquivo do jornal não tiver fotos para ilustrar, fale para mim, pois, eu tenho.
Gente, pode acreditar. Nessa hora quase morri de medo. O leitor pode pensar: que bicho mole! Nada disso. Tremi nas bases porque achei que era uma tarefa muito grande para mim, neófito na profissão, e ainda por cima, no principal jornal do Rio Grande do Norte. Além do mais, eu havia substituído um ícone do jornalismo esportivo potiguar, o grande Everaldo Lopes.
Assustado com a tarefa, me lembrei que tinha em casa uma coleção da revista Manchete Esportiva, na qual havia informações detalhadas  sobre todas as copas. Aí, de posse desses material, durante a semana, fiz um resumo das copas realizadas entre 1930, no Uruguai,  e 1958, na Suécia, a primeira vencida pela Seleção Brasileira. 
Uma vez pronta, a matéria foi publicada no domingo e na segunda-feira passei o dia inteiro intranquilo, pois eu tinha quase certeza que não tinha agradado a Seu Alves e, consequentemente, eu seria afastado da função ou até mesmo demitido do jornal.
Bastante nervoso, à tarde, como de costume, cheguei ao jornal e comecei a trabalhar. Como o editor de redação, Vivente Serejo, não me falou nada, fiquei um pouco mais tranquilo. Porém, todas as vezes que alguém abria a porta da redação, eu arregalava os olhos, pensando que era Seu Alves e que ele iria reprovar a matéria. 
Até que, às 18h em ponto, hora Ave Maria, Seu Alves entrou na redação e seguiu direto para a minha mesa de trabalho, onde falou em voz alta: Menino do Esporte, parabéns! Parabéns mesmo! Ficou ótima a matéria! Gostei bastante! Aí, o meu coração bateu forte, e aliviado, respirei fundo. Afinal, os elogios eram de um homem que conhecia tudo sobre o jornalismo.
Por Manoel Cirilo 
 
  


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